Os últimos anos para o setor de saúde foram intensos. Por isso, nosso time de societário preparou uma retrospectiva do setor que foi líder no ranking de fusões e aquisições entre 2021 e 2022.
No Brasil, o mercado de saúde é dividido entre a rede pública e a rede privada. O primeiro se resume ao Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto o segundo, mais relevante para o presente artigo, é gerido por empresas especializadas, sejam empresas de grande porte ou as novas healthtechs. Ambos os setores foram fortemente afetados pela pandemia, período no qual diversas operações de M&A ocorreram, além de avanços tecnológicos na área.
Em 2021, o setor movimentou cerca de 18 bilhões de reais em operações de fusões e aquisições no país, segundo levantamento da Forbes ¹. Já em 2022, apesar de ter ocorrido uma queda significativa em relação ao ano anterior, os números também foram expressivos. O ano terminou com cerca de R$ 1,5 bilhão movimentado em fusões e aquisições no setor. ²
Algumas das principais operações foram: (i) Fusão entre NotreDame e Hapvida, (ii) Fusão entre Kora Saúde e Hospital Gastroclínica, e (iii) Fusão Rede D’Or e SulAmérica. Segundo dados do Portal Fusões&Aquisições, das 500 transações que ocorreram no setor de saúde nos últimos 5 anos, cerca de 90% foram de grupos como a Rede D’Or, Intermédica, Dasa, DaVita, Hapvida, Fleury, Oncoclínicas, Sabin, Viveo e Herme Pardini, grupos que em sua maioria são de redes integradas de cuidados em saúde.
As operações de M&A possuem objetivos diversos, como aumentar ou proteger o market share acessando novos mercados ou adquirindo novos produtos e serviços, ou buscar pelo aumento da capacidade financeira mediante a fusão de uma ou mais empresas, ou ainda realizar uma expansão geográfica, dentre outros. A fusão da NotreDame com a Hapvida, por exemplo, criou a maior operadora no segmento de atendimento odontológico do país, com mais de 7 milhões de beneficiários dos planos comercializados, representando um market share de 21,15% e presença em todas as regiões do Brasil.
Após a pandemia do COVID-19, 2022 encerrou o ano com mais de 50,2 milhões de beneficiários de planos de saúde, conforme dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A receita efetiva do setor no mesmo ano chegou a R$ 237,6 bilhões, sendo que o lucro líquido do setor, de R$ 2,5 milhões, representou margem de apenas 0,001%, certamente ainda em decorrência dos efeitos da pandemia, assim como da inflação dos custos médicos hospitalares, que chegou a 23% no ano. ³
A compressão das margens de lucro gera um incentivo à consolidação, que se reflete em oportunidades de operações de fusões e aquisições, de modo a ampliar a capacidade de inovações que reduzam custos pela exploração de sinergias entre os grupos envolvidos. Isto pois, para as empresas menores o cenário é de maior dificuldade financeira quando há menor margem com custo de dívida maior pela taxa de juros. Neste contexto, os pequenos players acabam sendo adquiridos para sobreviverem, deixando o mercado mais consolidado (menos empresas com share de mercado maior).
A necessidade da transformação digital dos negócios das grandes empresas da área de saúde, fizeram com que as startups se tornassem uma realidade e um vetor de inovação e acesso à tecnologia mais atraente e mais rápida para a indústria tradicional. O setor de saúde tem tentado acompanhar o movimento de transformação através de Inteligência Artificial, realidade aumentada, machine learning e muito mais. Nesse sentido as healthtechs ganham espaço ao proporem soluções inovadoras que fazem uso dessas novas tecnologias, tendo em 2022, até agosto, aportes de 127,49 milhões de dólares, de acordo com o Distrito HealthTech Report. Até novembro de 2022, foram registradas ao menos 21 operações de fusões e aquisições de healthtechs, um indicativo claro do interesse dos investidores por este segmento de mercado.
Este ano, como em todo o mercado, as fusões e aquisições estão acontecendo, porém em menor quantidade e com mais cuidado. No primeiro semestre, segundo levantamento da consultoria EY-Parthenon, as transações somaram apenas R$1,1 bilhão. Vale destacar a compra da Promédica pela Danone na busca da melhora em seu setor de nutrição.
Nesse cenário, é certo que o momento é mais propício para a consolidação do mercado a partir das grandes operações que ocorreram nos últimos anos, mas ainda existem grandes possibilidades de operações, principalmente quando se trata de inovação e tecnologia no setor da saúde.
Para se manter informado sobre os últimos acontecimentos acompanhe nossa newsletter e fique atento às oportunidades neste importante mercado de fusões e aquisições.
Equipe de Societário & M&A
¹ Balanço 2021: Setor de saúde acumula perdas mas movimenta mais de R$ 18 bi em M&As – Forbes
² https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/12/30/com-juro-alto-saude-troca-aquisicoes-por-fusoes-em-2022.ghtml
³ Lucro líquido dos planos de saúde cai de R$ 3,8 bilhões para R$ 2,5 milhões, aponta ANS – InfoMoney