Nos últimos anos, os ataques cibernéticos deixaram de ser uma preocupação exclusiva de empresas de tecnologia e se tornaram uma ameaça transversal, capaz de afetar indústrias, varejo, serviços e até órgãos públicos. Dados da Fortinet indicam que, apenas em 2024, o Brasil registrou mais de 20 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos, um dos índices mais altos da América Latina.
Para empresários, a questão não é mais “se” a empresa será alvo, mas “quando” e como estará preparada.
Casos recentes que expuseram vulnerabilidades
Diversos incidentes ganharam repercussão no Brasil e no mundo, demonstrando a gravidade da ameaça:
- Ataques a hospitais e órgãos públicos: em 2023, diferentes redes hospitalares no Brasil tiveram sistemas paralisados por ataques de ransomware, comprometendo atendimentos médicos e expondo dados sensíveis de pacientes.
- E-commerce e grandes varejistas: empresas do setor sofreram vazamentos de milhões de dados de clientes, incluindo informações pessoais e financeiras. Além do impacto na confiança, enfrentaram ações judiciais coletivas e multas regulatórias.
- Indústrias e logística: ataques de negação de serviço (DDoS) interromperam operações logísticas, gerando atrasos em cadeias de suprimento e perdas milionárias.
Esses exemplos mostram que nenhuma empresa está imune, independentemente do porte ou do setor de atuação.
Impactos reais para as empresas
Os efeitos de um ataque cibernético vão muito além da perda de dados. Entre os principais impactos, estão:
- Paralisação das operações: sistemas fora do ar podem interromper vendas, produção e serviços.
- Prejuízo financeiro: custos de recuperação, multas regulatórias e perda de contratos.
- Danos à reputação: a confiança do cliente e do mercado pode ser abalada por anos.
- Risco jurídico: empresas podem ser responsabilizadas civil e administrativamente pelo mau uso ou vazamento de dados, à luz da LGPD.
O papel da advocacia na prevenção e resposta
A atuação jurídica é essencial não apenas na fase de crise, mas principalmente na prevenção. Algumas frentes fundamentais incluem:
- Mapeamento de riscos e conformidade com a LGPD: identificar vulnerabilidades nos fluxos de dados e alinhar práticas à legislação.
- Políticas internas e contratos empresariais: revisar cláusulas de responsabilidade, sigilo e proteção de dados em contratos com fornecedores, parceiros e prestadores de serviços.
- Programas de compliance digital: estabelecer códigos de conduta, treinamentos e protocolos internos para colaboradores.
- Planos de resposta a incidentes: estruturar juridicamente como a empresa deve agir diante de um ataque, incluindo notificações à ANPD e comunicação com clientes.
- Defesa em processos administrativos e judiciais: atuar em demandas que possam surgir após o incidente, reduzindo danos e responsabilidades.
Os casos recentes de ataques cibernéticos mostram que o risco é real e crescente. Para as empresas, a prevenção deixou de ser opcional: tornou-se parte da estratégia de negócios.
A advocacia, em conjunto com áreas de tecnologia e gestão, tem papel essencial para construir um ambiente corporativo mais seguro, ético e preparado para enfrentar os desafios do mundo digital.