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Cloudflare, CrowdStrike e a urgência do BCP: continuidade de negócios em um ambiente digital instável

Os incidentes envolvendo Cloudflare e CrowdStrike expuseram, de forma direta, a fragilidade de uma infraestrutura digital cada vez mais centralizada. A queda do Cloudflare, em especial, afetou a manhã de inúmeras empresas em todo o país. Muitas enfrentaram lentidão, falhas de acesso, instabilidades em sistemas internos e interrupções em fluxos que dependem de APIs conectadas à plataforma. Em diversos casos, equipes inteiras ficaram impossibilitadas de executar atividades essenciais até que o serviço voltasse a operar normalmente.

Esse tipo de impacto demonstra que os apagões tecnológicos não são mais exceções. Eles fazem parte da dinâmica atual do ambiente digital. A questão central mudou. A discussão deixou de ser se ocorrerá mais uma instabilidade global. A pergunta apropriada agora é quando isso voltará a acontecer. E a resposta depende diretamente da capacidade das empresas de manter suas operações mesmo quando provedores externos falham.

Nesse contexto, o BCP assume um papel indispensável. Um plano de continuidade eficaz precisa estar vivo e atualizado. Ele deve ser testado, revisado e comunicado de forma clara às equipes. Sua função é orientar decisões rápidas, evitar improvisos e reduzir a extensão dos danos quando eventos inevitáveis ocorrem.
A ausência de redundância, a dependência de fornecedores únicos e contratos sem previsões de contingência são fatores que aumentam significativamente a vulnerabilidade organizacional.

Elementos essenciais de continuidade incluem:
• Mapeamento de processos e sistemas críticos
• Planejamento de cenários reais de queda
• Testes periódicos de simulação
• Redundância mínima para funções essenciais
• Avaliação de risco de fornecedores
• Previsões contratuais de SLA e retomada
• Comunicação organizada e sistêmica
• Integração entre jurídico, TI, segurança da informação e alta gestão

Áreas como governança digital, proteção de dados, compliance e gestão de riscos são fundamentais para apoiar empresas na organização de suas rotinas, na estruturação de políticas internas, na construção de fluxos de resposta e no fortalecimento da cultura de prevenção. Essas disciplinas auxiliam na criação de ambientes mais seguros e preparados para enfrentar interrupções significativas.

Além disso, o incidente do Cloudflare reforça a importância de mapear pontos únicos de falha. Quando toda a comunicação digital passa por um único provedor de DNS, CDN, autenticação ou roteamento, qualquer instabilidade externa pode interromper desde operações simples até processos críticos que sustentam o negócio. Entender essas dependências é essencial para priorizar ações de continuidade e reduzir impactos.

Outro ponto relevante diz respeito aos contratos corporativos. Muitos descobriram, durante as últimas instabilidades, que acordos com fornecedores não contemplavam mecanismos claros de contingência, níveis mínimos de disponibilidade, protocolos de comunicação ou matrizes de responsabilidade. A ausência desses elementos cria riscos técnicos e jurídicos que podem agravar ainda mais os impactos da crise.

Os incidentes recentes mostram que resiliência operacional não é mais um diferencial competitivo. É um requisito básico para operar em um ecossistema digital complexo e interdependente. As empresas que tratam o BCP como uma prática contínua e integrada têm mais capacidade de se adaptar, responder e manter suas operações mesmo em situações de instabilidade generalizada.

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