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Redes sociais coletam dados até de quem não é usuário: o que isso revela sobre privacidade digital e governança de dados

Um estudo conduzido pelo Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV revelou um dado preocupante.
Entre 17 plataformas analisadas, apenas LinkedIn e TikTok informam de forma transparente quais dados coletam de pessoas que nem possuem conta nas plataformas.

A ausência de clareza sobre esse processo mostra como a fronteira entre usuários e não usuários se tornou difusa na era digital. Mesmo sem consentimento direto, é possível que nossos dados sejam analisados, correlacionados e utilizados para fins de publicidade, inteligência artificial e modelagem de comportamento.

Essa prática traz à tona uma questão central: como se resguardar em um ambiente em que a coleta de dados ocorre de forma silenciosa e contínua?

De acordo com a Pesquisa Nacional de Proteção de Dados 2025, coordenada por especialistas em governança e privacidade, 41% dos profissionais do setor afirmam que a proteção de dados ainda é tratada com baixa prioridade nas estratégias corporativas.
Ou seja, muitas organizações seguem reagindo a incidentes em vez de adotarem uma postura preventiva.

Mas é justamente na prevenção que está a verdadeira maturidade digital.
Empresas que tratam a privacidade como um pilar de governança reduzem riscos, fortalecem a reputação institucional e constroem confiança com clientes e parceiros.

Três práticas podem ajudar a mitigar riscos e consolidar uma cultura de proteção de dados:

  1. Mapeamento e controle do ciclo de vida dos dados – compreender onde as informações estão, quem tem acesso e com que finalidade são tratadas.
  2. Transparência e comunicação clara – informar usuários, clientes e colaboradores sobre o uso e a finalidade dos dados é mais do que cumprir a lei; é uma estratégia de credibilidade.
  3. Conscientização e engajamento da liderança – a alta administração precisa incorporar o tema à estratégia de negócio, transformando a privacidade em valor organizacional.

O avanço tecnológico é inevitável, mas o uso ético e responsável dos dados é uma escolha.
Enquanto a legislação evolui e novas ferramentas de IA ampliam o alcance da coleta automatizada, cabe às organizações adotar uma postura ativa na governança de dados, garantindo segurança, conformidade e confiança.

A proteção de dados não é apenas uma exigência regulatória.
É uma questão de responsabilidade corporativa, reputação e sustentabilidade digital.

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